terça-feira, 23 de março de 2010

Ah...mas ser assim incomoda

As pessoas se incomodam.
Sou quieta, calada, sou in na maior parte do tempo.
Ah...mas ser assim incomoda.

As pessoas que falam sem pensar, que são “entronas”, que falam pelos cotovelos e as quais o silêncio assusta...essas são ok. São ditas animadas divertidas... Juro, pessoas assim não me incomodam, vivo cercada por elas e acho de verdade que independentemente de qualquer julgamento, elas movimentam. Como todos os perfis humanos, tem seu grande valor.

Agora o engraçado é que essas agitadinhas são as que mais se incomodam com as quietas. Parece contraditório, afinal alguém calado é prato cheio para os out. Aí começam as especulações! Tá brava? Tá triste? Nossa, como você é brava. Você parece uma velha. Fala alguma coisa. Te achava arrogante... e por aí vai.

É simples. Sou quieta e só. É tão difícil assim entender? Não sou melhor, pior, mais, menos...
Para me divertir não preciso fazer bunda lelê no palco, tomar todas, dançar como uma gazela louca implorando a atenção dos outros. Pelo contrário, não quero que a maioria me note, me observe. A maioria não me agrada. Posso estar errada, mas por vezes me parece que a maioria não pensa, é “maria vai com as outras”.

Numa mesa rodeada por vários, não preciso ficar aos berros contando da minha vida ou dizendo o que penso sobre o assunto. Não fico me digladiando. Se alguém realmente quiser saber o que penso, conseguirá me ouvir, sem necessidade de gritos. O contexto inverso me agrada: poucas pessoas falando, num tom normal, sobre ideias, contando histórias, descrevendo seus planos, suas experiências...Falando de si mesmas sem receio. Horas de conversa nas quais sempre cabem risadas, lágrimas e verdade.

Mas tudo isso incomoda.
Observar incomoda.
Pensar antes de dizer, pensar em como dizer...incomoda.
Tem muito gente incomodada por aí!

terça-feira, 2 de março de 2010

Mosaico

Depois de ouvir, de observar e de refletir concluí que...

Mais de 80% das pessoas que conheço não tem objetivos grandiosos do tipo: escalar o topo mais alto do mundo, construir um foguete ou descobrir a cura do câncer.

Ainda, dentro desses 80%, acho que nem 60% tem objetivos delineados. Acredito que não parem para pensar nisso. As situações surgem elas decidem, umas com mais calma do que outras.

Cheguei a teoria dos objetivos óbvios. Pagar contas, se aprimorar profissionalmente, cuidar da família, viajar, encontrar amigos, adquirir bens para uma vida mais confortável e quem sabe um pé de meia. Ter esses objetivos é sinal de uma vida óbvia? Cheia de regras, de certo e errado, de comportamento padrão... Será que é isso? Um molde, uma vida esboçada desde sempre...levando sempre aos mesmos anseios?

Enquanto não sei a resposta, observo e surge um novo olhar na medida em que brincar de filosofar sempre traz novas informações.

Será que todas as pessoas que tem objetivos óbvios os alcançam? Acho que não.

Desses 60% tem, sim, gente que nem o evidente consegue por mais que esteja claro o caminho do senso comum.

O obvio é ruim?

É consequência?

Ou é o máximo da massa humana?

Sempre ouço que devemos ter objetivos grandes, traçar estratégias, ir em busca...

E daí me sinto pequena, sinto desperdiçar a oportunidade de estar aqui.

Faço parte dos 80%. Ou por enquanto, assim como os outros, não tive interesse em buscar algo grandioso.

O grandioso é relativo? Para algo ser grande é porque existe comparação com alguma coisa que se diz ser pequeno. Mas quem diz?

E, assim, vou montando um mosaico de reflexões que por vezes gera angústia, mas que em outros momentos alimenta a minha alma tão ávida por pensar e repensar na existência dessa vida.